
Alimentação e imunidade (COVID-19)
Neste artigo irá encontrar resposta às dúvidas mais comuns sobre a alimentação e a COVID-19.
Atualmente a nutrição tem sido reconhecida como um fator fundamental no contexto da pandemia da COVID-19, doença provocada pelo coronavírus SARS-COV-2, que pode causar infeção respiratória grave como a pneumonia.
Existe relação entre a alimentação e COVID-19?
Atualmente existe pouca evidência científica que comprove a relação entre a alimentação e o potencial de desenvolver a doença. No entanto, sabemos que um adequado estado nutricional contribui para um sistema imunitário saudável e para uma melhor recuperação dos indivíduos que contraem a doença.
De acordo com a Direção geral de saúde (DGS), as medidas adotadas para a prevenção da propagação da doença, nomeadamente as medidas de confinamento e distanciamento social, podem contribuir para alterações no comportamento do consumidor ao nível da frequência com que se desloca para realizar compras, nomeadamente de alimentos frescos, pelo facto de aumentar a perceção de risco de contaminação, ou seja, a ingestão adequada de fruta, hortícolas e outros produtos frescos fica comprometida. Para além destes aspetos, o período de confinamento faz aumentar os níveis de medo, ansiedade e stress, existe um aumento acrescido do consumo de “alimentos de conforto” com elevado teor de gordura e hidratos de carbono sobretudo os simples (açúcar). Estes comportamentos alimentares podem resultar numa ingestão deficiente de micronutrientes (vitaminas e minerais), assim como uma resposta imune mais frágil.
O vírus pode ser transmitido através dos alimentos?
De acordo com a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) não existe, atualmente, evidência que comprove a contaminação através do consumo de alimentos crus ou cozinhados.
Apesar de se suspeitar que o coronavírus é de origem animal, nada indica que a sua transmissão ocorra através da alimentação, mas sim através do contacto próximo com uma pessoa que esteja infetada pelo vírus, ou com objetos ou superfícies contaminados.
Deve-se então, aplicar o princípio da precaução, ou seja, a manutenção e o reforço das boas práticas de higiene e segurança alimentar durante a manipulação, preparação e confeção dos alimentos.
Destacam-se então algumas orientações de boas práticas de higiene relativamente à manipulação, preparação, confeção e o consumo dos alimentos:
- Lavagem frequente e prolongada das mãos com água e sabão durante 20 segundos;
- Desinfeção das bancadas de trabalho e das mesas com produtos apropriados;
- Evitar a contaminação entre alimentos crus e cozinhados;
- Cozinhar e “servir” a comida a temperaturas adequadas (confeção – igual ou superior a 75ºC; servir pratos quentes (carne, peixe, ovos) – igual a superior a 65ºC e servir pratos frios (saladas, fruta e sobremesas) – igual ou inferior a 8ºC.);
- Lavar os alimentos crus adequadamente (utilizar desinfetantes disponíveis no mercado e seguir as instruções da embalagem do produto ou utilizar uma colher de sopa de lixívia por cada dois litros de água, deixar atuar nos alimentos durante 15 minutos e lavar em água corrente no final);
- Evitar a partilha de comida ou objetos entre pessoas durante a preparação, confeção e consumo dos alimentos;
- Durante a preparação, confeção e consumo dos alimentos adotar as medidas de etiqueta respiratória (não usar as mãos ao tossir ou espirrar, usar um lenço de papel ou o antebraço).
Podemos reforçar o nosso sistema imunitário através da alimentação?
A evidência científica atual indica que não existe um alimento específico que previna ou ajude de imediato na prevenção ou no tratamento da COVID-19.
Segundo a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), até à data, não foi identificado ou autorizada qualquer alegação de saúde a um alimento ou componente que reduza os fatores de risco de infeções. Neste sentido, a melhor prática a adotar continua a ser a aplicação das boas práticas de higiene como forma de prevenção da doença.
Sabemos ainda que para garantir o normal funcionamento do nosso sistema imunitário e de outras funções fisiológicas do nosso organismo, é necessário, seguir as recomendações da Roda dos Alimentos para uma alimentação equilibrada com a presença de diferentes nutrientes, os alimentos fornecedores de energia (hidratos de carbono, proteínas e lípidos), as vitaminas, os minerais e a água, sendo muito importante também manter um bom estado de hidratação, pois o recomendado será beber 1,5L a 2L de água por dia, o que equivale a 8 copos de água por dia.
Referências bibliográficas:
Direção-Geral da Saúde (2020) Manual de intervenção alimentar e nutricional na COVID-19. Portugal. Ministério da Saúde.
Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) (2020) Orientações na área da Alimentação. Direção Geral da Saúde 2020.
World Heath Organization (WHO) (2020). Coronavirus disease (COVID-19): Food safety and nutrition Q&A. Disponível em: https://www.who.int/news-room/questions-and-answers/item/coronavirus-disease-covid-19-food-safety-and-nutrition