
Como podemos tornar a nossa alimentação mais saudável e sustentável?
A produção de alimentos de origem animal é responsável pelo uso superior de recursos naturais e por um maior impacto sobre a pegada ecológica, de carbono e hídrica face aos alimentos de origem vegetal. De entre os vários alimentos, o chocolate, a carne vermelha e os laticínios são os que requerem mais água para a sua produção e emitem mais gases com efeito de estufa. Desta forma, no nosso dia a dia, se incluirmos mais produtos de origem vegetal na nossa alimentação estamos a ter um impacto positivo no meio ambiente. Por este motivo, uma alimentação vegan pode causar menos impacto ambiental, no entanto não é por si só considera um tipo de alimentação sustentável, dado que a sustentabilidade alimentar não é apenas o reflexo do impacto ambiental, também depende de outros fatores como, por exemplo, a adequação nutricional, a cultura alimentar e a acessibilidade.
A Dieta Mediterrânica representa, também, uma das alternativas mais adequadas para modificar hábitos de consumo, de forma a promover uma alimentação mais saudável e sustentável. Constitui um padrão alimentar e de estilo de vida que defende o bem-estar do planeta, uma vez que promove a diversidade no consumo de alimentos, incentivando o consumo de alimentos locais e sazonais, e a utilização de técnicas culinárias saudáveis. Mais ainda, este padrão alimentar estimula a moderação no consumo alimentar, o que possibilita a redução do desperdício alimentar.
O processamento dos alimentos é, também, muito importante na escolha de produtos alimentares sustentáveis. Os produtos alimentares processados têm um maior impacto ambiental comparativamente aos produtos não processados, uma vez que são alimentos com custos ambientais mais elevados. Os fatores ambientais, como as emissões de gases com efeito de estufa e os custos em recursos e energia dos produtos processados, variam conforme o modo de conservação (congelação, refrigeração, sem cadeia de frio), o tempo de conservação, o número de embalagens, o tipo de embalagem, o acondicionamento no transporte e a distância entre o produtor e o consumidor.
Alimentos biológicos são alimentos sustentáveis?
Os produtos hortícolas e a fruta são os alimentos biológicos mais consumidos pelos portugueses. As frutas e hortícolas biológicas apresentam 20 a 40% mais antioxidantes do que as convencionais. São alimentos que apresentam mais nutrientes, por isso além do seu papel protetor do ambiente, nomeadamente pela redução da utilização de produtos químicos nos solos, são alimentos mais ricos nutricionalmente que estão aliados a uma melhor saúde para o consumidor. Mais ainda, estes alimentos podem ajudar a reduzir a exposição a bactérias resistentes a antibióticos.
Apesar de serem produtos mais frescos e nutricionalmente mais adequados, é necessário ter em atenção que um produto biológico não é necessariamente um produto sustentável. Os produtos alimentares biológicos podem não ser sustentáveis, porque um produto biológico pode ser produzido num local geográfico e ser levado para ser consumido noutro país, ou seja, não respeita a proximidade da zona geográfica tornando a cadeia de distribuição mais longa.
Desperdício alimentar
A ONU criou metas especificas relacionadas com o tema do desperdício alimentar, que irão contribuir para alcançar os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, nomeadamente o objetivo 12 – garantir padrões de consumo e de produção sustentáveis – e os objetivos relacionados com a redução da pobreza e da fome e a promoção da saúde. Apela-se à redução para metade do desperdício alimentar proveniente do retalho e das casas do consumidor.
Cerca de 1/3 dos alimentos produzidos não são consumidos, o que representa aproximadamente 1,3 biliões de toneladas de desperdício alimentar por ano. O desperdício alimentar é um problema global, com consequências graves em termos socias, económicos e ambientais. As perdas alimentares e o desperdício alimentar são responsáveis pela emissão global de 8% a 10% dos gases com efeito de estufa, uma vez que representam um gasto de recursos utilizados, como água e energia, necessários para a vida humana.
Apesar de existir desperdício alimentar nos vários setores alimentares, a maior parte do desperdício acontece nas casas dos indivíduos (cerca de 61% do desperdício alimentar mundial). Desta forma, é necessário refletir sobre a forma como compramos, armazenamos, preparamos e consumimos os alimentos. Podemos fazer mudanças simples no nosso dia-a-dia para tornarmos os nossos hábitos alimentares mais sustentáveis.
Algumas dicas parauma alimentação saudável e sustentável:
- Preferir alimentos locais e da época; sendo muito importante o consumo de pescado nacional, conforme a época.
- Consumir alimentos provenientes do comércio justo.
- Realizar uma lista de compras e adquirir apenas os alimentos que serão consumidos.
- O planeamento antecipado das refeições diárias permite uma gestão mais eficiente do dia alimentar, dos recursos utilizados e do orçamento familiar.
- Ocupar 3/4 do prato com alimentos de origem vegetal; e assim, limitar 1/4 do prato para os alimentos de origem animal.
- Limitar o consumo de carne vermelha e processada.
- Aumentar o consumo diário de leguminosas.
- Servir as porções de acordo com as recomendações da Roda da Alimentação Mediterrânica e em conformidade com as necessidades energéticas e nutricionais de cada indivíduo.
- Reduzir o desperdício na preparação e confeção dos alimentos, por exemplo, reaproveitar as sobras de outras refeições, reutilizar ou reciclar embalagens utilizadas, minimizar o embalamento e adquirir os alimentos avulso.
- Estar atento à data de validade dos produtos e acondicionar nas condições adequadas.
- Consumir em primeiro lugar os alimentos mais perecíveis.
- Fazer uma horta ou um canteiro aromático.
- Fazer compostagem dos resíduos orgânicos e utilizar como fertilizante.