Conhece a dieta FODMAPs?
Já ouviu falar na dieta com baixo teor em FODMAPs?
Um grupo de investigadores da Universidade de Monash na Austrália, identificou um conjunto de moléculas pequenas e mal absorvidas por parte do intestino, que combinadas com retenção de água, alteram a motilidade e mobilidade intestinal, contribuindo para situações de diarreia ou obstipação. Além disso, são facilmente fermentados pela microflora intestinal, levando à produção excessiva de gás, podendo causar sintomas como flatulência, distensão, dor abdominal e cólicas.
De forma a diminuir os sintomas anteriormente referidos, a dieta FODMAPs é muito utilizada no tratamento do síndrome do intestino irritável (SII). De acordo com a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia esta é uma doença intestinal que afeta cerca de 10 a 25% das pessoas por todo o mundo. Em Portugal, aproximadamente 1 milhão de cidadãos demonstra sintomas da mesma. Estudos recentes comprovam a eficácia da dieta em 3 em cada 4 dos pacientes com SII, onde as queixas de sintomas gastrointestinais diminuem para quase metade.
A quem se destina e em que consiste?
A dieta com baixo teor em FODMAPs é utilizada quando existe um diagnóstico de SII e deve ser acompanhada por um nutricionista, uma vez que a longo-prazo poderá provocar deficiências nutricionais. Essencialmente, é composta por 3 fases:
1. Primeira fase - Eliminação/Restrição (2 a 6 semanas): O principal objetivo é controlar sintomas e, portanto, deverá existir uma redução inicial de todos os alimentos ricos em FODMAPs, sem excluir nenhum grupo alimentar por completo. Ou seja, os alimentos com elevado teor em FODMAPs devem ser substituídos por equivalentes com baixo teor de FODMAPs. Nunca deverá ser ultrapassado o período das 6 semanas, dado ser uma fase extremamente restrita em vitaminas e minerais.
2. Segunda fase – Reintrodução (6 a 8 semanas): Neste período existe uma reintrodução controlada de cada tipo de FODMAPs. Inicialmente, devem ser testadas pequenas quantidades de cada alimento, aumentando gradualmente consoante a tolerância de cada indivíduo. Ao longo desta fase, é importante anotar a dose ingerida, a frequência de consumo e os sintomas apresentados.
3. Terceira fase – Adaptação: Após identificados os alimentos que provocam sintomatologia deverá ser criado um plano alimentar individual e personalizado pelo nutricionista, de modo a evitar restrições alimentares desnecessárias. Todos os alimentos bem tolerados anteriormente deverão ser reintroduzidos e devem ser excluídos os mal tolerados.
FODMAPs:
- Fermentável: Processo através do qual as bactérias intestinais fermentam hidratos de carbono não digeridos para produzir gases.
- Oligossacáridos: Galacto-oligossacáridos encontrados nas leguminosas e Frutanos presentes em alimentos como a alcachofra, alho, alho francês, cebola e cereais.
- Dissacáridos: Lactose existente em produtos lácteos, tais como o leite, iogurtes e determinados queijos.
- Monossacáridos: Frutose encontrada em frutas como por exemplo na maçã, pêra ou manga e ainda, em adoçantes naturais (como o mel e agave).
- And (traduzido em português para “e”)
- Polióis: Sorbitol e Manitol presentes em algumas frutas e legumes. Ambos utilizados como adoçantes artificiais.
É importante ter em consideração que a dieta FODMAPs não é adequada para perda de peso. Uma alimentação saudável pressupõe que esta deva ser completa, variada e equilibrada, possibilitando o aporte de energia adequada ao longo do dia. Desta forma, é essencial requisitar a ajuda de um nutricionista antes de iniciar qualquer tipo de dieta restritiva.
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Referências bibliográficas:
Monash Universit FODMAPs and Irritable Bowel Syndrome. Disponível em: https://www.monashfodmap.com/about-fodmap-and-ibs/
Vamos falar de SII. O que é a SII? Disponível em: https://vamosfalardesii.pt/o-que-e-a-sii/
Fernandes, M., Rodrigues de Almeida, M., Costa, V. (2020, dezembro). Papel do nutricionista numa dieta restrita em FODMAPs. Acta Portuguesa de Nutrição.