Dietas da Moda - Dieta Cetogénica

Dietas da Moda - Dieta Cetogénica

A dieta cetogénica caracteriza-se pelo consumo elevado de gordura (80%) e por uma baixa ingestão de hidratos de carbono (5%) e moderado de proteína (15%).

Este tipo de dieta tem sido utilizada como uma estratégia num plano de perda de peso, visto que existe um consumo reduzido de hidratos de carbono, obrigando o organismo a produzir fontes de energia alternativas, nomeadamente corpos cetónicos (provenientes da utilização da gordura corporal), num processo conhecido como cetose.

Esta dieta surgiu no início do século XX, como uma aliada no tratamento de epilepsia, assim como a dieta do jejum. A principal fonte de energia do cérebro é a glicose, proveniente dos hidratos de carbono (HC), pelo que com uma baixa ingestão de HC (inferior a 10% da ingestão energética), o organismo vê-se obrigado a utilizar outra fonte de energia alternativa, neste caso a gordura, diminuindo a atividade cerebral e consequentemente as convulsões que decorrem na epilepsia. Atualmente, com o desenvolvimento da indústria farmacêutica, a dieta cetogénica tem sido cada vez menos utilizada no tratamento/controlo da epilepsia em prol dos fármacos disponíveis. Uma das razões para o seu abandono está relacionado com o facto de o sucesso da mesma depender da adesão do paciente à mesma, do acompanhamento e suporte da equipa de saúde e também da família, uma vez que requer um grande controlo devido às elevadas restrições implicadas e efeitos secundários.

Recentemente, a dieta cetogénica tem sido associada ao tratamento da obesidade, da diabetes tipo II e melhoria da performance desportiva (devido ao efeito ergogénico dos corpos cetónicos), no entanto o impacto da mesma a longo termo e os fatores de risco ainda causam grande controvérsia. A evidência científica também tem referido a alteração do microbioma intestinal, ou seja, o equilíbrio das “as bactérias boas” existentes no intestino, como um efeito secundário vantajoso desta dieta. 
 
São vários os estudos que compararam a perda de peso ocorrida com uma dieta cetogénica versus uma dieta pobre em gordura e constataram que não houve diferenças significativas. Quando se comparou uma dieta com baixo teor de hidratos de carbono versus uma dieta com baixo teor de gordura observou-se que a perda de peso inicial foi superior na dieta com baixo teor de hidratos de carbono, no entanto a longo termo também não foram encontradas diferenças significativas.
Embora num período inicial a dieta cetogénica possa levar a uma rápida perda de peso, a maior parte deste peso corresponde a água e, eventualmente alguma massa muscular. Este tipo de dietas, devido à elevada restrição de certos alimentos, pode ter um efeito yo-yo, causando um ganho de peso superior ou igual ao perdido inicialmente.

O que inclui:

Frutos e sementes oleaginosos, carne, pescado, ovos, lacticínios, hortícolas de cor verde, abacate, azeitonas, coco.

O que exclui:

Pão, fruta, cereais e derivados, tubérculos, farinhas, leguminosas

Resumidamente...

Dieta Cetogénica

- Associada à perda de peso a curto-médio prazo;

- Parece ter efeitos positivos no tratamento de algumas patologias, como a epilepsia, doença de Alzheimer, diabetes tipo II, doenças cardiovasculares, entre outras;

- Possível efeito ergogénico (ainda gera alguma controvérsia).

Alertas:

Alguns estudos referem que este tipo de dieta pode causar desidratação, acidose, sonolência, alterações no humor, cefaleias (dores de cabeça), náuseas e obstipação, cólicas, alteração do perfil lipídico e no metabolismo da glucose, aumento do tecido adiposo e fadiga física e mental;

A Longo termo implica suplementação vitamínica e mineral, dada a elevada restrição alimentar;

Baixa adesão e difícil manutenção;

Não é recomendada na diabetes tipo I devido ao elevado risco de ceto-acidose induzida pela elevada concentração sanguínea de corpos cetónicos.


Bibliografia:
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